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mantemos por perto pessoas de estimação que vamos comprando com elogios sem preço e alguma flexibilidade, é preciso aturar-lhes a grosseria dos comportamentos, suportamos esta convivência mais para evitarmos ter que nos encarar a sós conversamos e trocamos sorrisos moles, impressões gratuitas sobre um mundo que nos quer e não nos quer temos em comum um apego sério por tranquilizantes, soporíferos e o álcool que às vezes nos faz ver a dobrar, umas vezes para melhor e outras para pior os alucinogénios deixaram de guardar as portas da percepção, tudo se tornou um pouco cínico, levemente caminhamos com um aperto que se vem tornando um estranho familiar desesperados confirmamos na expressão uns dos outros o nosso próprio fatalismo, muito deixou já de valer a pena e os espelhos fazem parte de uma noção de etiqueta que já não nos interessa houve quem tenha proposto uma geração y depois da x e depois de todas as outras que nos largaram à beira do precipício, não faz muita diferença o rótulo somos a prole dos semi-abortos liberais das facções cashing persuadidos pelo conforto e segurança das operações com números, o contabilista tornou-se o psicanalista moderno, ironicamente, ou não, agora também já oiço falar de uma geração revoltada simplesmente porque não tem a sua revolução, pessoas singulares num émulo plural casadas e divorciadas e casadas ainda à procura de alguém que as complete consolados pela liberdade para praticar actos consonantes com a hipnose comercial em alternativa à decomposição no sofá em frente à televisão todos contentes (e eu também) com um vazio no lugar da esperança críticos de todas as iniciativas sociais uns preparam-se o melhor que sabem para enfrentar tudo e todos como concorrência outros desistem e derivam de crédito em crédito autênticos tarzans baloiçando na selva com a liana ao pescoço, o futuro é a noite que virá hoje, a verdade só importa se não houver como lhe escapar de resto somos todos uns vencedores contra os falhados que podíamos ser e quem escreve um poema tanto pode falar disto como pode falar da vontade que tem de ter o que escrever, visto que quem decide o que se publica são os mesmos tipos cansados de se publicarem e de ninguém ter paciência para os ler Diogo Vaz Pinto

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OS VOYEURS.