ONDA CHOQUE



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De Cristian Nemescu - o jovem realizador romeno falecido em 2006, vítima de um acidente de viação - estamos mais familiarizados com California Dreamin', sua única longa metragem, a datar de 2007. Sim, 2007: Nemescu encontrava-se na fase de pós-produção do filme quando faleceu, tarefa que acabou por não ser concluída por si não se chegando a saber qual seria exactamente o resultado final com Nemescu aos comandos. Talvez por isso se lhe possa denotar uma montagem um tanto ou quanto invulgar tal como um eventuak maior burburinho em torno do filme, não se podendo ainda assim - e isso seria mitificar e simultaneamente ridicularizar - apontar a morte do cineasta como o único factor que levou a crítica a aclamá-lo (prémio especial em Cannes) e o tal burburinho a gerar-se. É certo que más notícias correm mais depressa e que em certa medida o trágico desfecho do seu autor terá contribuído para uma mais rápida divulgação d0 filme. Mas California Dreamin' tem por si só atributos suficientes para ser um grande filme sem necessitar de factores exteriores a impulsionar a sua assunção a quaisquer pódios. Nemescu coloca-se assim ao lado de uma série de outros jovens realizadores da Roménia responsáveis pela onda de Novo Cinema Romeno. Primeiro, em 2005, Cristi Puiu traz-nos 'A Morte do Senhor Lazarescu' - fabuloso a cada instante; no ano seguinte surge Corneliu Porumboiu com 'A Foust Sau n-a Fost?' que aqui se conhece por 'A Este de Bucareste', deixando uma dúvida no ar: existiu ou não uma revolução na Roménia? Revolução no verdadeiro sentido da palavra? Existiu, mas alguma coisa mudou realmente? A dúvida surge no filme e fica no ar tão-somente como reflexo do que realmente se passa com a sociedade romena, não fosse a função social uma das principais do Cinema; em 2007, a afirmação total com '4 meses, 3 semanas e 2 dias' de Cristian Mungiu, um quase desconhecido que deslumbrou Cannes com uma história de acompanha duas jovens e um aborto clandestino, arrecadando assim a Palma de Ouro para melhor filme. Dada a tenríssima idade com que Cristian Nemescu veio a perder a vida (tinha 27 anos), o seu percurso enquanto cineasta não lhe permitiu ter o tempo suficiente para que muito mais que o tal California Dreamin' se viesse a concretizar. No entanto, depois de três ou quatro curtas metragens, em 2006 Nemescu realiza 'Marilena de la P7', uma média-metragem com cerca de 45 minutos. A P7 é uma estrada de bairro; Marilena (Madalina Ghitescu), é, digamos, uma puta que dá choques. Além disso, atrai as atenções da criançada masculina do bairro, nomeadamente de Andrei (Gabriel Huian), a chegar à puberdade e a despertar para uma sexualidade que anseia ensaiar em Marilena, a sua predilecta de todo o leque de má-vida a proliferar pela P7. Tal a ânsia que um dia o leva a roubar, primeiro, dinheiro aos pais - puta é paga, pois claro - e depois a encabeçar o assalto ao autocarro que diariamente circula no problemático bairro em que vivem - Marilena tem preferência por clientela com viatura própria, grandes viaturas se puder ser. Para o fim? Choque. Então e nem dizes se gostas ou não? Da fotografia, do argumento, da banda sonora? Do elenco e dos trajes à rameira mais o cabelo laranja de Sô Dona Marilena? Não gostasse eu e nem estava aqui a falar disto. NA ÍNTEGRA E LEGENDADO EM INGLÊS AQUI.

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