À DISPOSIÇÃO



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(...) Posso jurar que ando perdido. Meto-me por ali e depois viro e peço indicações para merdas que ficam no estrangeiro. Bebo uns copos à saúde do Manuel Alegre e de outros grandes vultos da rima nacional. Espalho-me à saída de um café, vomito num beco, sinto a mão do Ginsberg apalpar-me o rabo à entrada de um bar. Confundiu-me com outra pessoa, ou então a confusão foi minha, que importa? Coisas assim acontecem amiúde nestes sítios, cafés e bares tripulados pelo que ainda resta de marinheiros, putas e sereias nesta cidade. Tantos corpos cedidos a nenhuma história, partilhando como podem um gosto por fins de tarde com chuva, cerveja e rock de outras décadas. Escolho uma cadeira, sento-me, depois mudo de lugar, fico horas (se for preciso) a olhar para uma gaja, e às vezes canto baixinho musiquinhas ordinárias, até ela se deixar de sorrisos e começar a ficar assustada. Entretenho-me com coisas dessas que fazem os maluquinhos. (...) Diogo Vaz Pinto

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