Ensaios para um Halloween.



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JOAN AS A POLICE WOMAN - Eternal Flame THE WITCHING NIGHT - Wild Nothing LET'S PRETEND WE'RE BUNNY RABBITS - The Magnetic Fields DRACULA - The Marbles

Coraçãozinho de merda.



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Uma exposição de Maria Imaginário, para ver, até 2ª feira 1 de Novembro, no 14G da Rua da Rosa, no Bairro Alto. Mas só p'ra quem pode. [ Gosto de gente produtiva. Não é cá ai nhó nhó nhó isto, nhó nhó nhó aquilo, dói-me aqui, e agora dói-me acolá, faço assim, faço guisado. E estou triste na cama, mais triste no sofá, agora tão triste no Facebook. Porqué no te callas? Faz-me um boneco.]

"Sabem o que ontem estava a dar numa sexshop? Uma música dos The National!"



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Ó, um gajo loiro, e que é um fófinho, onde é que já se viu? Onde? Num vídeo dos The National. Porque o que é National, é bom. E sexy [ : eis a explicação].

(Que ricas figuras, Matt.)
(Dedico a ti, Querido Marciano.)

Nele foi as orelhas.



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José Rodrigues dos Santos, O Anjo Branco, Gradiva, 2010

Nossa Senhora da Pop | #2.



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Parece que está então apurado o nome para a rubrica. Depois de 8 penosos dias, e 31 espectaculares votos, ganha a eleição, com uma maioria de 38% (ui), como facilmente se constata pelo título do post, e pelo boneco acima, a Nossa Senhora da Pop.Quanto vi este resultado escabroso ocorreu-me: primeiro, bater com a palma na testa - que foi o que realmente fiz - e, depois, sabotar as votações porque eu queria mesmo era que isto se chamasse "É Bom e Eu Gosto", porque é o que isto é na verdade: aquilo de que eu gosto, porque é bom; e, se é bom, eu gosto. Mas a democracia toca a todos. E este blog pretende ser, além de altamente pretensioso, democrático. Depois de democrático, comunista, sempre que possível. Mas dispenso o pejamento do antro por cubanos licenciados a gabarem-se de que ganham todos 150€ por mês, 'tá bem?



Nossa Senhora da Pop | #1. 
Dark Dark Dark | USA
A coisa que, de longe, mais arrebatamento [ musical ] me trouxe nos últimos tempos. Poderosos, encantadores. Quando os descobri, através da Menina Limão, mal eu sonhava o que aí estava para vir, porque - devo dizer-vos, e a ti, Limão - numa escala de 0 a 5, Gosto Mais Disto do Que de Maionese [e atenção, porque eu gosto MESMO muito de maionese; maionese que é uma coisa que também joga muito bem com limão, sobretudo se montados numa costeleta (o meu irmão diz que se os meus amigos me vissem comer costeletas em Agosto, nem falavam mais comigo. Deformidade que tento compensar com rubricas de orientação musical, não vá o diabo tecê-las e calhar-me o infortúnio de ter de passar um verão vindouro a partilhar de um barbecue no parque de campismo do Pedrógão; compensemos então com música)]. A voz é, predominantemente, feminina e sofrida q.b.; consegue fazer-me lembrar, com alguma facilidade, e mais numas faixas que noutras, a da Regina Spektor. Ocasionalmente, alguns coros. Abundam os instrumentos incomuns - ou que não tão facilmente se enquadram na habitual concepção que temos de banda - piano, banjo, clarinete, violoncelo, violino, trompete, com destaque efectivo do acordeão; e, é sabido que se tem acordeão, é bem provável que eu goste; fascínio certamente legado da minha progenitora, que "ai o que eu gostava de saber tocar acordeón"; com a diferença de que o fascínio dela envolve também o contexto da romaria popular seventies/eighties, com especial enfoque na desgarrada; e, posteriormente, a cena emigrante marselhesa que, consequentemente, acarreta também o fascínio por barras de sabão estrangeiro - todo um novo mundo, "Le Petit Marseillais" ou, naquele delicioso dialecto do meu avô, "Lé Putite Marsilhé". Eu não queria dizer isto, mas acho que lá na aldeia só se soube o que era sabão quando a minha família decidiu escapulir-se p'rá França. Conservam-se sempre, é claro, alguns resistentes. Como sempre o foi a Elvira, essa tresloucada, cabelo esgadelhado, ode-mor do andrajo, falecida na semana passada, e indo a enterrar no mesmo dia em que o cão da aldeia que mais vezes lhe ferrou dente (mortes de mal partilhado, supus eu, por recordar: a dentição do canídeo - irrepreensível; o boletim de vacinas - inexistente).
Não tenho ouvido mais nada. Não contem com rubrica para a semana que vem porque, conhecendo-me como conheço, desconfio que vou ficar a ouvir isto durante, no mínimo, 1 mês; pelo que sou capaz de, no máximo, aparecer cá a contar-vos de um novo detalhe que descobri na faixa X. Entretanto, amem muito o primeiro álbum "The Snow Magic" (de 2008), o EP "Bright Bright Bright" (de 2010), e o segundo álbum, "Wild Go" (de 2010). Agora por ordem de preferência: "The Snow Magic" (de 2008), o EP "Bright Bright Bright" (de 2010), e "Wild Go" (de 2010). Ó, é a mesma.



"Junk Bones" - The Snow Magic (2008)
A minha preferida.

  

"Bright Bright Bright" - Bright Bright Bright EP (2010)
Uma para matar. Sobre tampas ou assim. E que imperdível entrada à Bernardo Sassetti.




"Wild Goose Chase"- Bright Bright Bright EP (2010)
Nem em foie gras alguma vez gostei tanto de ganso.
 

"In Your Dreams" - Wild Go (2010)
« Don't say nothing, no / I can see when you're lying. »



"Daydreaming" - Wild Go (2010)
«Oh, the unspeakble things»  



site
www.sad-music.net/darkdarkdark
www.myspace.com/darkdarkdarkband
www.lastfm.com.br/music/Dark+Dark+Dark
www.facebook.com/#!/darkdarkdark

Satirical Maps Of Europe.



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Estes, que darão concerteza uma bela decoração de sala, escritório, quarto (quiçá), dedico à Joana, que gosta dos globos e dos mapas. Por Paul K.

Burger Phone.



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O burger Phone da Juno a cerca de 12€, com portes grátis. I Ebay, não sei se já vos disse. "It's Awkward".

Cenas Mesmo Fófinhas para a Invernia que cá se faz sentir.



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Jeremy Scott for Adidas 
Este ainda era capaz de me pôr a usar sapatilhas novamente


 

Picnic
do designer e arquitecto japonês Junya Ishigami.

Lector Mal-Herido.



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Hoje, a propósito desta notícia do El País:

" El villano de las

letras españolas "

apresento-vos o blog de Literatura mais badalado de Espanha:
WWW.LECTOR-MALHERIDO.BLOGSPOT.COM

Para perceberem do que trata e, sobretudo, como trata, o melhor mesmo é começar por lerem a notícia.

Acredito nos milagres de Fátima e no bacalhau com broa.



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Não sou infeliz. Não, não me quero matar.
Tenho até uma certa simpatia por esta vida passada nos autocarros,
para cima e para baixo.
Gosto das minhas férias em frente da televisão.
Adoro essas mulheres com ar banal que entram em directo no canal.
Gosto desses homens com bigodes e pulseiras grossas.
Acredito nos milagres de Fátima e no bacalhau com broa.
Gosto dessa gente toda. Quero ser um deles.
Não, não guardo nenhum sentido escondido.
Estas palavras, aliás, podem ser encontradas
em todos os números da revista Caras.
A ordem às vezes muda.
Não quero que me façam nenhuma análise do poema.
Não, não escrevam teses, por favor.
Isto é apenas um croché esquecido em cima do refrigerador.
Obrigado por terem vindo cá para me beijarem o anel.
Obrigado por procurarem a eternidade da raça.
Mas a poesia, mes chers, não salva, não brilha, só caça.
Golgona Anghel 
[ Ligação 1 ] [ Ligação 2]

Wedding Photographers.



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Wedding Photos 
por Claire Eliza.
www.claireeliza.com
www.claireeliza.carbonmade.com

Boyfriend.



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[Calma. Só já faltam 60 dias]

Amostra Sem Valor.



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Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
...com ele se entretém e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosas da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e,
contudo, nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.
António Gedeão

#3.



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El Cigarillo, Dios de la vida, Dios de los suicidas.
#2.



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« É tão bela a ruína, tão profunda conheço todas as suas cores e é como uma sinfonia »
A Canção do Croupier do Mississipi Canção Pirata Fumo muito. Demasiado. Fumo para esfregar o tempo e às vezes ouço rádio, e ouço passar a vida como quem liga a rádio. Fumo muito. No cinzeiro há ideias e poemas e vozes de amigos que não tenho. E tenho a boca cheia de sangue, e sangue que me sai pelas fendas do crânio e toda a minha alma sabe a sangue, sangue fresco não sei se de porco ou se do homem que sou, em toda a minha alma esfaqueada por mulheres e meninos que se movem ingénuos, torpes, nesta vida que já conheço. Apalpo o peito de repente, nervoso, e não sinto um coração. Não há, não existe em ninguém essa coisa a que chamam coração senão quiçá no álcool, nesse sangue que eu bebo e que é o sangue de Cristo, o único sangue neste mundo que não existe que é como que mal programado, ou como uma fábrica de vida ou um alfaiate que se esqueceu de quem era e ainda assim continua a viver, ou quem sabe o relógio e as horas que passam. Apalpo-me, nervoso, os olhos os pés e o polegar da mão meto-o no olho e estou sujo e a minha vida fede. E sonho que vivi e que me chamo de algum modo e que este conto é verdadeiro, este absurdo que denunciam os meus olhos, este delírio em Veracruz, e que este país é verdadeiro este lugar parecido com o Inferno, a que chamam Espanha, ouvi aos mortos que o Inferno é melhor que isto que se parece mais. Digo a mim mesmo que sou Pessoa, como Pessoa era Álvaro de Campos, digo a mim mesmo que estar bêbado é não o estar toda a vida, é estar bêbado de vida e não de morte, é um sangue diferente desse outro espesso que coalha pelos telhados e pelas paredes e pelos buracos da vida. E é que não há outra comunhão nem outro espasmo que este do vinho e nenhum outro sexo nem mulher que o jarro de álcool beijando-me os lábios que este jarro de álcool que levo no cérebro, nos pés, no sangue, que este jarro de vinho tinto ou branco, de Genebra ou de rum ou o que seja - Genebra e cerveja, por exemplo - que é como a infância, e não é fuga, nem invasão, nem sonho senão a única vida real e toda a possível e agarro de novo o copo como ao colarinho da vida e conto a algum ser que é provável que esteja ali a vida dos deuses e nuns dias sou Caím, e noutros um jogador de póquer que bebe whisky perfeitamente e noutros o caça-talentos que por outro lado já fui mas o meu é como em "Doce Pássaro da Juventude" um caçador de talentos belo e alcoólico, e noutros dias, um assassino tímido e psicótico, e noutros alguém que matou não se sabe há quanto, em que cidade, entre marinheiros ébrios. Alguns lembram-se, dizem de copo na mão, falando muito, falando (para poder existir) de que não há nada melhor que dizer a si mesmo uma proposição de Wittgenstein enquanto sobe a maré do vinho ao sangue e à alma. Ou, bem , alguém perdido em galerias espelhadas buscando a sua namorada. E outras vezes sou Abel que tem um plano perfeito para resgatar a vida e restaurar os homens e também às vezes choro por não ser um escravo negro do sul, chorando entre as plantações! É tão bela a ruína, tão profunda conheço todas as suas cores e é como uma sinfonia a música do acabamento, como música que tocam mais além, e já não tenho sangue nas veias, senão álcool, tenho sangue nos olhos de bêbado e a alma invadida de sangue como uma vomitadora, e vomito a alma de manhã, depois de ter passado toda a noite jurando frente a uma boneca de plástico que existe Deus. Escrever em Espanha não é chorar, é beber, beber a raiva do que não se resigna a morrer nas esquinas, é beber e mal dizer, blasfemar contra Espanha contra este país sem deuses mas com estátuas de deuses, é beber na igreja com música de órgão é cair de bêbado nos recitais e manchas de vinho tinto e sangue "Le Livre Des Masques" de Rémy de Gourmont cair húmido babado e tonto e derrubar-se como uma árvore diante das lâmpadas desta romaria cultural. Escrever em Espanha é ter até a borda em sangue este álcool de loucura que já não justifica nada nem ninguém, nenhuma sombra das que ali havia ao princípio. E dizer ao morrer, quando tenha já na boca e na cabeça a baba do suicídio gritar às sombras (às tantas que há) e fantasmas neste paraíso para espectros e também aos veados que vi no bosque, e aos pássaros e aos lobos na rua e espreitando nas esquinas
La canción del croupier del Mississipi Canción pirata Fumo mucho. Demasiado. Fumo para frotar el tiempo y a veces oigo la radio, y oigo pasar la vida como quien pone la radio. Fumo mucho. En el cenicero hay ideas y poemas y voces de amigos que no tengo. Y tengo la boca llena de sangre, y sangre que sale de las grietas de mi cráneo y toda mi alma sabe a sangre, sangre fresca no sé si de cerdo o de hombre que soy, en toda mi alma acuchillada por mujeres y niños que se mueven ingenuos, torpes, en esta vida que ya sé. Me palpo el pecho de pronto, nervioso, y no siento un corazón. No hay, no existe en nadie esa cosa que llaman corazón sino quizá en el alcohol, en esa sangre que yo bebo y que es la sangre de Cristo, la única sangre en este mundo que no existe que es como el mal programado, o como fábrica de vida o un sastre que ha olvidado quién es y sigue viviendo, o quizá el reloj y las horas pasan. Me palpo, nervioso, los ojos y los pies y el dedo gordo de la mano lo meto en el ojo, y estoy sucio y mi vida oliendo. Y sueño que he vivido y que me llamo de algún modo y que este cuento es cierto, este absurdo que delatan mis ojos, este delirio en Veracruz, y que este país es cierto este lugar parecido al Infierno, que llaman España, he oído a los muertos que el Infierno es mejor que esto y se parece más. Me digo que soy Pessoa, como Pessoa era Álvaro de Campos, me digo que estar borracho es no estarlo toda la vida, es estar borracho de vida y no de muerte, es una sangre distinta de esa otra espesa que se cuela por los tejados y por las paredes y los agujeros de la vida. Y es que no hay otra comunión ni otro espasmo que este del vino y ningún otro sexo ni mujer que el vaso de alcohol besándome los labios que este vaso de alcohol que llevo en el cerebro, en los pies, en la sangre. que este vaso de vino oscuro o blanco, de ginebra o de ron o lo que sea - ginebra y cerveza, por ejemplo - que es como la infancia, y no es huida, ni evasión, ni sueño sino la única vida real y todo lo posible y agarro de nuevo la copa como el cuello de la vida y cuento a algún ser que es probable que esté ahí la vida de los dioses y unos días soy Caín, y otros un jugador de poker que bebe whisky perfectamente y otros un cazador de dotes que por otra parte he sido pero lo mío es como en "Dulce pájaro de juventud" un cazador de dotes hermoso y alcohólico, y otros días, un asesino tímido y psicótico, y otros alguien que ha muerto quién sabe hace cuánto, en qué ciudad, entre marineros ebrios. Algunos me recuerdan, dicen con la copa en la mano, hablando mucho, hablando para poder existir de que no hay nada mejor que decirse a sí mismo una proposición de Wittgenstein mientras sube la marea del vino en la sangre y el alma. O bien alguien perdido en las galerías del espejo buscando a su Novia. Y otras veces soy Abel que tiene un plan perfecto para rescatar la vida y restaurar a los hombres y también a veces lloro por no ser un esclavo negro en el sur, llorando entre las plantaciones! Es tan bella la ruina, tan profunda sé todos sus colores y es como una sinfonía la música del acabamiento, como música que tocan en el más allá, y ya no tengo sangre en las venas, sino alcohol, tengo sangre en los ojos de borracho y el alma invadida de sangre como de una vomitona, y vomito el alma por las mañanas, después de pasar toda la noche jurando frente a una muñeca de goma que existe Dios. Escribir en España no es llorar, es beber, es beber la rabia del que no se resigna a morir en las esquinas, es beber y mal decir, blasfemar contra España contra este país sin dioses pero con estatuas de dioses, es beber en la iglesia con música de órgano es caerse borracho en los recitales y manchas de vino tinto y sangre "Le livre des masques" de Rémy de Gourmont caerse húmedo babeante y tonto y derrumbarse como un árbol ante los farolillos de esta verbena cultural. Escribir en España es tener hasta el borde en la sangre este alcohol de locura que ya no justifica nada ni nadie, ninguna sombra de las que allí había al principio. Y decir al morir, cuando tenga ya en la boca y cabeza la baba del suicidio gritarle a las sombras, a las tantas que hay y fantasmas en este paraíso para espectros y también a los ciervos que he visto en el bosque, y a los pájaros y a los lobos en la calle y acechando en las esquinas
Leopoldo María Panero "Poesía" 1970 - 1985

El Cigarillo, Dios de la vida, Dios de los suicidas.
#1.



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Depoimento do poeta 
Leopoldo María Panero [1] [2][3]
para o documentário espanhol

El Análisis Que Cambiara La Ley (2009) 
Vários Realizadores 

www.elanalisisquecambiaralaley.org

Felices los Normales.



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A Antonia Eiriz
Felizes os normais, esses seres estranhos.
Os que não tiveram uma mãe louca, um pai bêbedo, um filho delinquente,
Uma casa em parte nenhuma, uma doença desconhecida,
Os que não foram calcinados por um amor devorador,
Os que viveram os dezassete rostos do sorriso e um pouco mais,
Os cheios de sapatos, os arcanjos com chapéus,
Os satisfeitos, os gordos, os lindos,
Os rintimtim e os seus sequazes, os que como não, por aqui,
Os que ganham, os que são queridos até ao fim,
Os flautistas acompanhados por ratos,
Os vendedores e seus compradores,
Os cavaleiros ligeiramente sobre-humanos,
Os homens vestidos de trovões e as mulheres de relâmpagos,
Os delicados, os sensatos, os finos,
Os amáveis, os doces, os comestíveis e os bebíveis.
Felizes as aves, o esterco, as pedras.
Mas que dêem passagem aos que fazem os mundos e os sonhos,
As ilusões, as sinfonias, as palavras que nos desbaratam
E nos constroem, os mais loucos que as suas mães, os mais bêbedos
Que os seus pais e mais delinquentes que os seus filhos
E mais devorados por amores calcinantes.
Que lhes dêem o seu sítio no inferno, e basta.


"Felizes os Normais"
Roberto Fernández Retamar
Tradução Caseira

Vote as you please, But Please vote.



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Para os que me conhecem, não seria preciso ser absolutamente perspicaz (ou céptico) para desconfiar à partida de que, como tudo ameaçou, os prometidos posts semanais sobre o que tenho andado a ouvir não teriam essa cadência semanal; para os que não conhecem, esta é uma bela prova de como devem impreterivelmente acreditar naquilo que digo. Uma vez, no início do Outono, a minha avó má, a Nhanha, ordenou ao meu avô-pau mandado, o Nhanha, que envenenasse o cão - Fiel - herança legada pela morte da prima Júlia, «essa regalona», que havia deixado o bicho muito mal habituado de modo que este se recusava a comer tudo o que não fossem bolachas Maria; em dias de sorte lá lhe calhavam umas galletas, em dias de azar comia só porrada; a seguir, enforcou-se a cabra preta que tinha um tumor no cu, e, logo depois - não necessariamente por esta ordem - sem se saber exactamente sob que circunstâncias ou causas, aparece a mula morta. Partilham todos da mesma vala, sita no meu quintal, e ainda há lugar para mais um. «Há sempre lugar para mais um». Ou, na perspectiva funérea do meu pai, "Eles gostam é de nos ver todos a passar-lhe entre as pernas".
Também não vou fazer a rubrica agora; Isto é, além de não vos dar nada ainda vos venho pedir coisas: Quero um nome. Só há 3 hipóteses, que estarão a voto, por tempo indefinido, imediatamente abaixo do cabeçalho. Estou à espera. (Ouviram os dois?)

Você é um idiota. Ponto Final.



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Sente-se.
Está sentado?
Encoste-se tranquilamente na cadeira.
Deve sentir-se bem instalado e descontraído.
Pode fumar.
É importante que me escute com muita atenção.
Ouve-me bem?
Tenho algo a dizer-lhe que vai interessá-lo.

Você é um idiota.

Está realmente a escutar-me?

Não há pois dúvida alguma de que me ouve com clareza e distinção?
Então Repito: você é um idiota. Um idiota.
I como Isabel;
D como Dinis;
outro I como Irene;
O como Orlando;
T como Teodoro;
A como Ana.
Idiota.

Por favor não me interrompa.
Não deve interromper-me.
Você é um idiota.
Não diga nada.
Não venha com evasivas.
Você é um idiota.
Ponto final.

Aliás não sou o único a dizê-lo.
A senhora sua mãe já o diz há muito tempo.
Você é um idiota.
Pergunte pois aos seus parentes.
Se você não é um idiota...
claro, a você não lho dirão, porque você se tornaria vingativo como todos os idiotas.
Mas os que o rodeiam já há muitos dias e anos sabem que você é um idiota.
É típico que você o negue.
Isso mesmo: é típico que o Idiota negue que o é.
Oh, como se torna difícil convencer um idiota de que é um Idiota.
É francamente fatigante.
Como vê, preciso de dizer mais uma vez que você é um Idiota e no entanto não é desinteressante para você saber o que você é e no entanto é uma desvantagem para você não saber o que toda a gente sabe.
Ah sim, acha você que tem exactamente as mesmas ideias do seu parceiro.
Mas também ele é um idiota.
Faça favor, não se console a dizer que há outros Idiotas: Você é um Idiota.
De resto isso não é grave.
É assim que você consegue chegar aos 80 anos.
Em matéria de negócios é mesmo uma vantagem.
E então na política!
Não há dinheiro que o pague.
Na qualidade de Idiota você não precisa de se preocupar com mais nada.
E você é Idiota

(Formidável, não acha?)


Bertolt Brecht

Min Jeong Seo.



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Quando os braços de Raúl Meireles viram obras de arte.
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O ARQUIVO.

OS VOYEURS.