Inverno



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Como lobos em períodos de seca
crescemos por toda a parte
amámos a chuva
amámos o outono
um dia até pensámos
em enviar uma carta de agradecimento ao céu
com uma folha de outono como selo de correio
acreditávamos que as montanhas desapareceriam
os mares se dissipariam
apenas o amor seria eterno

de súbito separámo-nos

ela gostava de sofás compridos
e eu de longos navios
ela gostava de sussurrar e suspirar nos cafés
eu gostava de saltar e gritar nas ruas
e, apesar de tudo,
os meus braços vastos como o universo
estão à espera dela.

"Inverno"
Muhammad Al-Maghut

10 de Janeiro - 3 verdades e 1 cataclisma



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"Nem todas as verdades são para todos os ouvidos."
"Ódio é um amor que fracassou. E vice-versa."

Tinha um ligeiro feeling de que isto de dar tempo de antena a fashion victims ainda um dia havia de dar raia.
Agora, enquanto decidem se a rapariga quer'ma mala ou afinal já não quer'ma mala, resta-nos esperar que a Samsung descubra que o Sr. Frazão, da Rua da Junqueira (que vende as melhores e mais baratas alheiras de toda a zona ocidental de Lisboa), tem uma opinião bastante definida sobre os "televisores fininhos" da Samsung; que os recomendou aos vizinhos lá da rua e que, ouvi dizer, até o Sporting parece jogar melhor nos verdes daquela televisão. O senhor Frazão não falha.
[quem passar pela vitrine do tasco e o vir a virar entrecosto ao meio-dia, sabe que o senhor Frazão não falha : Não há tempo.]

Tive um part-time na Sumol de Pombal : chegava lá, encostava-me a uma máquina e ficava a ver as garrafas a passar - a passar - a passar à espera que aparecesse uma que fosse defeituosa (rótulo, rolha, mossa). Era péssimo. A parte boa era que me deixavam ouvir música à vontade e, à pala disso, acabei por ouvir alguns álbuns que, de outra forma, provavelmente me teriam escapado. Lembro-me de, a partir de alguns deles, ter tido algumas ideias para curtas (homónimas), por lhes ter sentido uma coesão muito especial : Modern Guilt (do Beck), Real Life (Joan as Policewoman), Dear Science (dos TV On The Radio). Como tirar apontamentos - lá isso - não me deixavam, acabei por me ir esquecendo do que tratavam (salvo raras imagens fugazes; e os nomes que lhes daria, claro; e as bandas sonoras que meteria, claro).
Na altura, produzia-se um Sumol Laranja com Chocolate, que hoje, graças a um comentário da Sumol no Facebook, acabei por confirmar que já não existe (ainda bem, porque era mesmo uma merda!). Foi um comentário essencialmente informativo: não é bom, não é mau; é verdade. E há lá coisa de que eu goste mais do que da verdade?
Fora isto, não me peçam opiniões sobre a Sumol : são completamente enviesadas. Se me perguntarem "Sumol?" e me derem meio segundo para responder, não se admirem que vos venha falar de passadeiras ou engrenagens.

E depois, a notícia do dia. A única.
AMOUR, esse murro no estômago, na corrida aos Óscares. Com 5 nomeações, com a Rita Blanco - a grandessíssima Rita Blanco - com o peso do Mundo cingido a quatro paredes.
Anne Hataway, a minha Anne Hataway, na mira (Hélas, que se fazia tarde!). E ainda a pequena (e, segundo consta, grande) Quvenzhané Wallis, que me preparo agora mesmo para descobrir quem é.


Não sei o que se passa com 2013,
mas está a ser inacreditável.


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OS VOYEURS.